quinta-feira, novembro 17, 2011

A falta de comunicação...

Hoje eu cheguei lá no hospital 7 horas da manhã, como de costume, pesei, tirei pressão e fui esperar minha consulta. 

Esperei, esperei, esperei...

Lá pelas 11 e pouco uma recepcionista me chamou e começou a inventar desculpas esfarrapadas e pediu pra eu voltar na segunda-feira que a médica não ia me atender hoje porque ela já tinha muitos pacientes pra atender, tudo com muitas desculpas muito esfarrapadas. Não entendi nada, mas comentei com a minha mãe: "quer ver que o povo da enfermagem confirmou minha quimio sem confirmar com a médica se era pra hoje mesmo?".

Porque minha médica segue a agenda dela rigorosamente, é competentíssima, mesmo que ela demore até meia noite no hospital.

Aí saí pra almoçar e encontrei a enfermeira chefe da quimio no restaurante e descontraí "ah, Mari, me deram o bolo hoje, eim" e expliquei pra ela o que aconteceu. Ela conversou comigo e foi comer, e acho que enquanto estava comendo pensou no assunto e assim que terminou veio me pedir desculpas, porque ela havia confirmado minha quimio pra hoje sem falar com a médica. 
Adorei a atitude humilde dela, assumir que cometeu um erro e pedir desculpas. É uma atitude linda e muito profissional.


Saindo do restaurante encontramos a médica que pediu desculpas também, mas que na agenda dela tava marcado segunda-feira e ela não sabia que eu vinha hoje e que a enfermagem havia confirmado a quimio pra hoje sem falar com ela. Eu tava com um probleminha de um inchaço misterioso e ela alí no meio da rua olhou e me tranquilizou quanto a isso.



Conclusão: a comunicação entre as equipes do hospital é de extrema importância. Nós gastamos com viagem, com comida, tivemos desgaste físico e mental com toda essa situação.

Conclusão número 2: pra que mentir assim, eim, senhora recepcionista? Você está lidando todos os dias com pessoas doentes e que precisam de mais respeito e consideração.

Conclusão número 3: Profissionais competentes assumem seus erros e se retratam por eles.


PS: o que mais me doeu é que isso tudo me fez lembrar de todo aquele pesadelo que vivi em Umuarama.



Bem, só quero deixar mais uma diquinha,  o link de uma cartilha do INCA sobre os direitos dos pacientes com câncer. Estou especialmente interessada no TFD (Tratamento Fora do Domicílio), que antes de a Alline comentar comigo eu nem sabia que existia. http://www.inca.gov.br/inca/Arquivos/Titulos/DireitosDireitosdoPacientecomcancer2.pdf.pdf




Um grande abraço a todos.

quarta-feira, novembro 16, 2011

Uma nova fase...

Um post rápido, só pra dizer que hoje eu começo uma nova fase do meu tratamento.
Como o anterior não surtiu o efeito esperado, hoje eu começo o que a médica chamou de quimioterapia de resgate.

A princípio serão 2 sessões, em que eu passo 2 dias internada recebendo os medicamentos. Uma começa amanhã e outra dentro de um mês. Se demorar pra sair meu TMO haverá uma terceira sessão.
A médica disse que os efeitos colaterais dessa quimio são piores que da outra, e que o cabelo não tem chance de ficar no lugarzinho dele embelezando minha cabeça.

Então espero de vocês, meus queridos, todas as boas vibrações do mundo, orações, e que me elogiem quando eu ficar careca de novo pra que eu possa me sentir melhorzinha.
Lembrando que meu aniversário é em dezembro e esse ano eu mereço receber presentes em dobro porque eu mereço mimos e muitos mimos.

Um forte abraço.

quarta-feira, novembro 09, 2011

O desespero de uma mãe...

Gostaria hoje de chamar a atenção pra uma situação que aconteceu no mesmo hospital em que eu fazia tratamento em Umuarama. Sim, aquele tratamento em que o médico, o "Dr." Marcos Paulo Martins simplesmente deixou de atender os pacientes e até hoje não sei porquê (Senhor secretário de saúde de Umuarama, poderia me explicar o que aconteceu?).
É um relato de uma mãe desesperada. Entrei em contato com ela e fui autorizada a postar o texto aqui no blog. Leiam e repassem, se puderem.




Caros amigos,
 
 
Ontem a noite (30/10) - por volta das 21h - a minha filhinha caçula Ranauê Cristina, de 8 anos, passou mal, com vômito e fortes dores abdominais. Fomos até o Pronto Atendimento, que estava um caos.
 
Atenção prefeito Moacir Silva - O pátio do PAM estava todo sujo, enlameado - um ambiente horrível e deprimente - dezenas de crianças e adultos esperavam para serem atendidos. Havia vômito e sangue no chão. Os atendentes não se dignavam a dar uma informação. Mal olhavam para o rosto das pessoas ali (a maioria desesperada).
 
Como minha filha reclamava muito, resolvi levar direto para o Hospital de Plantão (Instituto Nossa Senhora Aparecida). Chegando lá paguei R$ 200 reais por uma consulta. O Médico veio prontamente atender - Dr. Ney Carlos Do Amaral. O ambiente era limpo e muito agradável, havia sofás, pufs, um banheiro limpo, cházinho, café e até bolachinhas... A decoração então, primorosa.

O Médico foi excelente, educado, atencioso... nos fez sentir muito mais seguras. Fez um bom exame clinico completo... Conversou, investigou e explicou. Com a Rana devidamente examinada, passei na farmácia, comprei os medicamentos (TRÊS SACOLAS DE REMÉDIOS - 180 reais) e fui para casa. Contudo, mesmo depois de medicada, ela continuou passando mal, com vômitos e se queixando de muitas dores.
 
Por volta da meia noite, a Rana focou pior, vomitando muito e dizendo que não aguentava mais e se contorcia de dor.... Assustada, resolvi voltar às pressas para o Hospital. No caminho liguei para que o médico pudesse ser acionado o mais rápido possível, pois a menina estava desmaiando....

Mas, para minha SURPRESA E DECEPÇÃO - a atendente (FRANCINE) me informou - COM UMA INDIFERENÇA QUE ME FEZ ARREPIAR - que ele não me atenderia, pois já havia encerrado o expediente. E SECAMENTE, me disse que essa era a sua última palavra. Eu não queria acreditar, afinal, eu já havia levado minha filha na Clinica dele (CLÍNICA CRESCER) e fomos muito bem atendidas... sempre um médico carinhoso, atencioso....

Então pedi que viesse outro médico. Mas, a recusa foi na hora. Se eu aceitasse pagar outra consulta (+200 reais) poderia até pedir outro médico - o que levaria um bom tempo, pois ele teria que ser chamado, levantar, sair de casa e se dirigir até o hospital - caso contrário - QUE MINHA FILHA FOSSE ATENDIDA PELO SUS. Naquele momento, já estávamos no Pronto Socorro do hospital.

MAS, ORA BOLAS... eu tinha pagado por um serviço PARTICULAR... onde estão os meus direitos Procon?????

Enquanto discutia-se isso tudo, minha filha sofria de dor... e eu com a dor mais terrível que uma mãe pode sentir - A IMPOTÊNCIA DIANTE DA DOENÇA - então, a fortaleza aqui desabou E CHOREI - me senti tão HUMILHADA. 

Pedia insistentemente que viesse outro médico, que eu pagaria.. Pagaria qualquer coisa para que ela fosse pelo menos atendida - mas, não havia nenhum médico ali e nenhum que pudesse ser chamado imediatamente - nisso já tinha se passado mais de meia hora e a minha filha toda molinha, gemendo de dor..... demaiando no meu colo.


SEM ATENDIMENTO - NEM PARTICULAR, NEM PÚBLICO - que desespero!

AMIGOS - FOI A PIOR NOITE DA MINHA VIDA - E ESTAVA LONGE DE ACABAR...

Nesse meio tempo o médico de plantão do SUS (DR. Humberto) foi liberado e diante da emergência fui com ela ao consultório público- QUANTA DIFERENÇA - a minha menina se contorcendo em dor e nenhuma cadeira havia para se sentar e esperar ser atendida

O PIOR - NEM LENÇOL TINHA PARA COLOCAR NA MACA - QUE ESTAVA VISIVELMENTE SUJA, COM MARCAS QUE NÃO SEI SE ERAM FEZES OU SANGUE -Perguntei ao médico: COMO COLOCAR MINHA FILHA DOENTE EM CIMA DESSA SUJEIRA DR ???? ELE SEQUER RESPONDEU - PARECIA ENVERGONHADO - A situação era tão horrível que fiquei com medo de ela contrair outras doenças ali... tirei minha jaqueta e estendi na maca para ela deitar em cima... ou deitava naquela maca suja para ser examinada, ou.... não seria examinada.
 
O médico de plantão - muito atencioso - a examinou novamente, mas disse que o certo é que o médico que havia atendido primeiro, viesse reavaliar. Ele apenas mandou dar mais uma dose dos remédios de dor e vômito e liberou para voltar para casa..
 
COMO NÃO SOU DE ME CALAR, RECLAMEI AO OUTRO MÉDICO DA ATENDENTE DO HOSPITAL, QUE NÃO TEVE A MÍNIMA SENSIBILIDADE COM UMA MÃE QUE ESTAVA ALI COM A FILHA DOENTE - quem é mãe sabe do que estou falando... segundo ela, cumpria ordens para não chamar o médico em HIPÓTESE ALGUMA.

 
Quando ela ouviu lá de fora que eu reclamava dela, INVADIU o consultório, INTERROMPENDO A CONSULTA, visivelmente alterada, querendo se justificar... e eu disse calmamente que não tinha justificativa.

RESULTADO - ELA GRITOU COMIGO COMO SE EU ESTIVESSE RECLAMANDO DE UM DEFEITO EM UM SAPATO OU ROUPA QUE MANDEI CONSERTAR... minha filha doente e eu deveria ainda ficar CALADA

ELA DIZIA QUE NÃO PODIA FAZER NADA... QUE A CULPA ERA DO MÉDICO QUE DESLIGOU O CELULAR- eu não estava em uma loja, mas em um hospital. Não reclamava por um defeito em uma COISA... mas, da saúde da minha FILHA - eu tinha o direito de estar alterada, nervosa e até de gritar, se fosse o caso...
 
A indignação foi crescendo e diante de tanta HUMILHAÇÃO, me identifiquei como jornalista... e COM TODA A SERENIDADE.... disse que denunciaria a situação.


De repente, algo aconteceu... todos vieram me atender. Até o médico que recebeu a consulta e estava com o celular desligado - me telefonou momentos depois - muito educado, muito gentil... mas, naquela altura tudo que não poderia acontecer, já tinha acontecido.
 
De volta para casa, durante a noite MINHA FILHA continuou passando dores e vomitou pelo menos mais umas 3 ou 4 vezes. Mas, finalmente, por volta das 5 da manhã o vômito cessou e ela conseguiu ficar com o remédio para dor no estômago.

Não sou da área da saúde, mas, creio que uma criança com esses sintomas deveria ter sido internada, já no primeiro atendimento. Nem que fosse para tomar um soro e depois ser liberada.... Eu passei a noite em claro ao lado dela, com aquele sentimento de mãe - SE EU PUDESSE TROCAVA DE LUGAR COM A MINHA PEQUENINA... Chorei algumas vezes e choro agora de novo ao redigir essa carta.
 
Hoje de manhã a secretária da Clinica do Dr. Ney ligou perguntando como ela estava e se prontificando para qualquer emergência, que o médico está a disposição. Isso foi educado, mas, não repara em nenhum momento o que aconteceu. Até agora estou abalada, nervosa e me sentindo humilhada.
 
Não quero atendimento especial porque sou da imprensa - quero atendimento igual e de qualidade para todas as mães, que como eu, lutam para que seus filhos tenham o melhor.
 
Rosi Rodrigues - MÃE.

sexta-feira, novembro 04, 2011

Fé em Deus e pé na tábua...

Eu tava agora voltando de Maringá e matutando como têm pessoas que mudam a vida da gente, para o bem ou ao contrário.
O nome da pessoa que mais mudou a minha vida esse ano é Marcos Paulo Martins. Eu ainda gostaria que alguém me explicasse o que foi que aconteceu, se ele se viu no direito de mudar assim a minha vida por pura irresponsabilidade, por falta de amor à profissão que exerce, por ganância... eu realmente queria uma explicação...
Vamos mais uma vez pra minha historinha de vida... 
Dia 26 de dezembro - primeira suspeita do câncer.
Dia 30 de dezembro - primeiro choque com uma suspeita concreta do câncer.
Dia 21 de Janeiro - tirei o nódulo pra biópsia.
Dia 18 de fevereiro - resultado da biópsia e do imunohistoquímico na mão, Linfoma de Hodgkin, também o dia da minha colação de grau.
25 de fevereiro - primeira quimioterapia.

11 de março - segunda sessão de quimioterapia
Na semana seguinte ao dia 11 de março, a recepcionista disse que o médico teria um congresso fora do país e não atenderia no dia da minha próxima sessão, o dia, 25 de março, então marcou para o dia
01 de abril – terceira sessão de quimioterapia
A sessão do dia 15 de abril, que seria a próxima, foi desmarcada pela recepcionista pelo telefone, com a justificativa de que o médico estava com problemas pessoais, e foi remarcada para o dia
20 de abril – quarta sessão
O médico marcou a sessão para o dia 29 de abril, mesmo achando estranho não ter dado o tempo necessário, fui para o hospital fazer a sessão, chegando lá, fui avisada pela recepcionista que não poderia fazer porque não haviam passado 15 dias da sessão anterior. Remarcaram a sessão para o dia
04 de maio – quinta sessão
18 de maio – sexta sessão
01 de junho – sétima sessão
15 de junho... foi o dia que cheguei no hospital pra fazer a oitava sessão e o médico não estava lá e até hoje eu não sei o que foi que aconteceu... e essa é a pessoa que mudou a minha vida esse ano.

Aí foi aquela história que vocês já conhecem, e quem não conhece, ela está aqui http://trespartesdemim.blogspot.com/2011/06/dos-sentimentos.html.


Depois que consegui a transferência para Maringá, no Hospital do Câncer e passei a me tratar com a Dra. Sarah (essa sim merece ser médica), nunca mais tive furos no meu tratamento e tive que implorar e chorar (literalmente) pra ela adiar minha quimio 4 dias pra eu poder ir ao casamento do Pablo e da Xênia.

Eis que no dia 28 de setembro eu termino o meu protocolo de quimio, e fiquei toda feliz, né, porque só quem passa por isso que sabe o horror que é.
Mas na semana passada eu fiz um PET-CT, e eu estava rezando pra ter gastado os três mil e quinhentos reais pagos no exame a toa, mas infelizmente não foi. Restaram nódulos, no pescoço e um no mediastino.
E hoje lá fui eu bater aquele papo com a Dra. Sarah, e eu crente que em um mês eu estaria nova, com as radioterapias feitas, pronta pra voltar pra minha vida, mas não, graças àquela pessoas que não tem responsabilidade em tratar seus pacientes, o tal do Marcos Paulo, meu tratamento não foi tão eficaz quanto o esperado para ele. Porque houveram muitas falhas, porque as sessões devem ser feitas nas datas certas. E esse homem que mudou a minha vida, será que ele sabe disso?
Será que ele sabe o quanto a vida de 170 pessoas foram prejudicadas por conta da irresponsabilidade dele?

Pois bem, por causa disso, terei de voltar à quimioterapia.
Serão duas ou três sessões, dessa vez um protocolo diferente. Ficarei 2 dias internada tomando os medicamentos, e minha médica disse que os efeitos colaterais são mais fortes e o cabelo vai cair.... preparem-se pra me presentear com perucas coloridas e lindos lenços.
A primeira será provavelmente no dia 16 próximo e a segunda um mês depois.
Aí eu repito o PET-CT (mais três mil e quinhentos reais)e...

Transplante de medula óssea... pois é.... o temido transplante de medula óssea.
Mas o meu será do tipo autólogo, depois eu falo melhor dele aqui (quer saber mais clica aqui http://www.abrale.org.br/doencas/transplante/index.php), mas significa que eu não precisarei de um doador porque minha própria medula será usada... 


Acho que por hoje é isso...
Só tenho a pedir que os amigos continuem comigo em oração e mandando aquelas boas vibrações que me fazem tão bem. Estejam por mim que eu prometo não decepcionar.

Se quiserem passar pra frente a mensagem, eu agradeço, porque penso que um mal profissional deve ser conhecido por todos pra que os erros dele não possam se repetir. Gravem aí o nome dele pra nunca marcarem uma consulta.
=*