domingo, setembro 09, 2007

Vazio.

As vezes eu ainda me lembro porque sou eu o coração. Principalmente por esses momentos Macabéicos que passo. Sabe, coração amarguradinho...
Hoje eu chorei. Chorei de saudade, chorei por sentir falta, falta de uma pessoa que eu queria o tempo todo comigo, mas que a terra insiste em manter longe. Falta da pessoa que me olha como quem olha uma criança brincando, com o olhar mais puro que se pode ter de uma pessoa, e me dá a impressão de que eu sou mesmo essa criança... brincando de viver... amo...
Até as pedras de gelo amam... e sofrem...
Ai como eu odeio não poder me locomover pra onde eu quero na hora que eu quero...

sábado, julho 28, 2007

Interessante.

Aline - Aaatchiiimmmmmmmmmm diz:
esses dias eu tava tentando explicar pra minha mãe sobre a plenitude da vida de um cigarro, o ápice da existencia dele... ela me olhou com uma cara estranha
Jess diz:
heheh
Jess diz:
normal
Aline - Aaatchiiimmmmmmmmmm diz:
eu sempre paro pra ouvir as pedras e as plantas
Jess diz:
eu mesmo tenho tido muitos momentos de contemplação com meus palheiros
Jess diz:
dei pra fumar fumo de corda
Aline - Aaatchiiimmmmmmmmmm diz:
é forte né
Jess diz:
é interessante quenado
Jess diz:
aha
Jess diz:
quando
Jess diz:
a gente tem que picar o fumo e enrolar o cigarro
Aline - Aaatchiiimmmmmmmmmm diz:
é beminteressante isso
Jess diz:

Aline - Aaatchiiimmmmmmmmmm diz:
aí muda todo o plano de vida do cigarro
Jess diz:
e aí a gente poe agua para um chá
Jess diz:
ou café
Jess diz:
sim
Jess diz:
vou escrever uma obra
Aline - Aaatchiiimmmmmmmmmm diz:
porque um cigarro pronto.. o objetivo dele é só ser fumado..
Jess diz:
de cigarribus
Jess diz:

Jess diz:
sim
Jess diz:
exalar seus vapores
Aline - Aaatchiiimmmmmmmmmm diz:
já com o fumo de corda rola todo um processo... uma existência bem mais interessante
Jess diz:
criar espectros por aí
Jess diz:
sim também
Jess diz:
um pedaço sólido com uma carga de óleo
Jess diz:
que é cortado
Jess diz:
e logo se torna vapor ao ser fumado
Aline - Aaatchiiimmmmmmmmmm diz:
é croda pra uma super tese
Jess diz:
os três estados
Aline - Aaatchiiimmmmmmmmmm diz:
corda*
Jess diz:
sim
Jess diz:
o ternário da nicotina











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By Coração.

segunda-feira, julho 23, 2007

It's Very Nice Pra Xuxu, baby

Eu sempre imagino títulos pros posts antes mesmo de escrevê-los, mas desta vez foi diferente. Não consegui imaginar um título para o que eu quero escrever.

Essa coisa de ficar falando de pessoas com as quais temos afinidades, pode parecer uma chatisse isso, mas eu adoro. Adoro dizer para as pessoas que amo o quanto eu as amo.
Passei por uma experiência maravilhosa na minha vida dias atrás, com uma pessoa que tem tudo a ver comigo. Acho que seríamos capazes de ficar dias a fio conversando (como ficamos), sem enjoar um do outro, sem faltar assunto.
Falamos sobre tantas coisas sem sentido (hehehehe), andamos de mãos dadas por aí, e posso dizer que tive uma das melhores semanas da minha vida, se não a melhor. Coversamos sobre a banalidade da vida e a serenidade da morte, sobre as cores do arco-íris, sobre o preto, o branco. A alergia que os pêlos dos gatos me causam e como as coisas mudam com o tempo. Falamos sobre filosofia, misticismo, deus e o diabo, sobre os anjos e sobre a água.
Ah, não vai dar pra colocar aqui tudo sobre o que conversamos, mas foi muita coisa. Eu aprendi que o Einstein é um baita de um viajão, e que física quântica pode ser uma coisa bem divertida.
A parte de mim que corresponde ao coração se inflou de alegria...
Muito legal andar de ônibus falando de coisas difíceis e o povo olhando estranho pra gente.

Como é bom ficar contando histórias, passear por aí sem rumo, decidir o que fazer na louca, andar kilomentros num dia, subir no pico, ir ao parque...

Duende, agora você é também parte de mim.

domingo, junho 24, 2007

Felicidade Clandestina

Coração postando o seu conto preferido...

Clarice Lispector é divina.


Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.

Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".

Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim um tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.

Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.

No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.

Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.

E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.

Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!

E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.

Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.

Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.

Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.


Clarice Lispector. In: "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998






By Coração.

terça-feira, junho 19, 2007

Tristeza...

Coração aqui mais uma vez...

Outro dia tive que apresentar um trabalho na faculdade sobre um poema. Terminei por gostar dele.
Nunca gostei de obrigações, datas, pressões, e já passei a odiar coisas pelo simples fato delas serem uma obrigação na minha vida, mas este poema foi ao contrário, ainda mais depois de perceber que eu tive uma visão dele totalmente diferente do que as outras pessoas tinham.
Todos pensavam que nele estava contido um desejo de morte, pela desilusão, melancolia, morbidez que o poeta apresenta, eu me identifiquei muito com a visão que ele tem da vida, essa coisa sem sentido, e, assim, concluí que não é necessário que em conseqüência disso haja um desejo de morte.
Eu sou uma desiludida com a vida, gosto de coisas que não são lá convencionais, me perco nas minhas fantasias, acho que o mundo da invenção é melhor que esse, acho que os livros são bem mais interessantes que a vida, acho que viver faz doer, acho as pessoas que se conformam com esse mundo banal medíocres, abomino a felicidade, mas nem por isso quero morrer.
Acho que toda essa desilusão até me faz ser mais forte pra tentar viver um dia algo que valha realmente a pena. Ou não.

Mas então, eis o poema (Gostaria de pedir às pessoas que ocasionalmente lerem isso, que deem sua opinião sobre o poema):


Tristeza

Eu amo a noite quando deixa os montes
Bela, mas bela de um horror sublime
E sobre a face dos desertos quedos
Seu régio selo de mistério imprime

Amo os lampejos, verde-azul, funéreos
Que às horas mortas erguem-se da terra,
E enchem de susto o viajante incauto
No cemitério de sombria serra

Eu amo a noite com seu manto escuro
De tristes goivos coroada a fonte
Amo a neblina, que pairando ondeia
Sobre o fastígio de elevado monte

Amo nas plantas, que na tumba crescem
De errante brisa o funeral cicio;
porque minh'alma, como a noite, é triste,
Porque meu seio é de ilusões vazio

Amo o silêncio, os areais extensos,
Os vastos brejos e os sertões sem dia
Porque meu seio como a sombra é triste
Porque minh'alma é de ilusões vazia

Amo o furor do vendaval que ruge
Das asas densas sacudindo estrago
Silvos de bala, turbilhões de fumo
Tribos de corvos em sangrento lago

Amo ao silêncio do ervaçal partido
Da ave noturna o funerário pio
Porque minh'alma, como a noite, é triste,
Porque meu seio é de ilusões vazio

Amo a tormenta, o prepassar dos ventos
A voz da morte no fatal parcel;
Porque minh'alma só traduz tristeza,
Porque meu seio se abrevou de fel

Amo o corisco que deixando a nuvem
O cedro parte da montanha, erguido,
Amo do sino, que por morto soa,
O triste dobre n'amplidão perdido

Amo na vida de miséria e lodo,
Das desventuras o maldito selo,
Porque minh'alma se manchou de escárnios,
Porque meu seio se cobriu de gelo

Amo do nauta o doloroso grito
Em frágil prancha sobre mar de horrores
Porque meu seio se tornou de pedra,
Porque minh'alma descorou de dores

Como a criança, do viver nas veigas
Gastei meus dias namorando as flores
Finos espinhos os meus pés rasgaram
Pisei-os ébrio de ilusões e amores

Tenho um deserto de amargura n'alma
Mas nunca a fronte curvarei por terra
Tremo de dores ao tocar nas chagas
Nas vivas chagas que meu peito encerra

A paz, o amor, a quietação, o riso
A meus olhares não têm mais encanto,
Porque minh'alma se despiu de crenças
E do sarcasmo se embuçou no manto

Fagundes Varela.







Atenção especial as duas últimas estrofes, diferenciadas do resto do poema.





By: Coração (simples assim).




sexta-feira, maio 25, 2007

Coração racional, Razão emotiva.

Título um pouco estranho não?... então, mas é o que tem acontecido. Coração tem conseguido agir pela razão e a Razão tem agido muito emocionalmente.

Mas as coisas sempre fogem... Coração passou por um momento em que teve que decidir algo, e estava tomando essa decisão pensando somente racionalmente, até que em uma conversa resolveu abrir as portas do coração (que brega isso), e as coisas acabaram sendo como sempre, Coração agindo pela emoção.
Com a Razão as decisões têm sido sempre emocionais, mas nos ultimos dias ela pensou racionalmente, depois de meses de pura emoção. Razão chegou a ter 3 corações... imaginem o impacto disso pra tanta racionalidade...
Acho que os dois devem andar sempre juntos, Razão e Coração, sem nunca esquecer do Sexo, que as vezes pode até parecer (e querer) estar distante, mas está sempre com os outros dois.

Pra quem é de fora pode ser difícil de entender, nem sei se alguém de fora lê nosso blog.


De modo geral, a vida tem sido agradável pras três partes, sempre há uma crise ou outra, mas isso acontece com qualquer um. Razão e Coração andam bem próximas, Sexo mais distante, parece que em certas horas se sente excluido pelas outras partes, mas isso nunca vai acontecer. Sexo sempre fará parte de nós. É impossível algo que seja constituído de três partes viver sem uma delas. Cada uma das partes é vital para o funcionamento da engrenagem.


Um Ps. aqui, só pra constar...: Coração não guarda mágoas, Coração perdoa. Que tudo agora aconteça de uma forma diferente, que haja mais respeito, que haja mais emoção, que haja mais intensidade e que haja mais seriedade.
Coração é sempre coração, seja pelo Philos, pelo Ágape, seja pelo Eros...



Quando voamos e nos entregamos assim, que parte de nós era parte de mim?



By: Coração (calmo e tranqüilo).