terça-feira, setembro 13, 2011

Hoje não é um bom dia...

Tem dias que o desânimo é maior que nos outros dias.

Hoje eu fui ao médico e pra minha infeliz surpresa tenho que fazer mais uma biópsia, do colo do útero dessa vez.
O médico disse "não se preocupe, provavelmente é só uma infecção causada pela baixa imunidade causada não só pela quimioterapia, mas pelo próprio linfoma, mas pode ser um câncer".

O peso dessa frase na minha vida é uma coisa sem explicação. PODE SER UM CÂNCER.

Eu já tive um câncer. Não preciso de outro, não quero outro, não mereço outro. 
Ainda tenho o resultado da biópsia da tireóide pra pegar, que, adivinhem, PODE SER UM CÂNCER.

Continuo firme do que disse no post anterior: QUERO MINHA VIDA DE VOLTA!!!

Não é fácil, não estou pronta, estou em frangalhos, na verdade.

Amanhã tem a quimio número 12, rezem por mim para que seja mesmo a penúltima, pra nunca mais.

quarta-feira, setembro 07, 2011

Eu em mim...


Hoje foi um bom dia.

Bem que se minha mamãezinha deixasse eu gostaria de passar mais tempo sozinha. Eu entendo sempre a preocupação dela em querer estar sempre perto de mim, mas eu realmente sou uma pessoa que necessita de alguns momentos de solidão.
Passei o dia estudando, ouvindo música BEM alto e conversando com alguns amigos pela internet, mas uma dessas conversas me fez ter um encontro comigo mesma que eu não tinha há muito tempo, aliada com a leitura de Baudelaire que eu estava fazendo.
Se eu pudesse (não fosse o teor extremamente pessoal da conversa), colaria ela toda e copiaria aqui.

Falávamos sobre a vida e a maneira que nos vemos nela. Somos bem parecidos neste aspecto. Temos visões pessimistas da existência (não se assustem, é só um estilo de vida). Adeptos do drama e da tempestade em copo d’água, sempre transformamos nossos problemas em problemas muito maiores do que eles realmente são. Isso também é um estilo de vida, mas geralmente da vida bem subjetiva, não saímos por aí disseminando nossos pensamentos e a forma como encaramos a vida aos 4 ventos, ou tentando mudar o mundo para que ele se adapte ao nosso modo de pensar. Geralmente essas coisas só são ditas quando encontramos pessoas que a gente sente que entende a gente.

Eu nem consegui entender ainda porque é que eu estou escrevendo sobre isso aqui, mas deve ser pra justificar o porquê de eu ainda não ter encontrado um lado positivo na minha doença, ou sei lá. Justificar talvez os surtos desesperados de otimismo que eu ando tendo de vez em quando (isso sim não é nada normal pra mim, não saudável pra minha alma, como se haveria de imaginar).

Admito que a doença foi como uma pílula de fé e esperança nessa minh’alma pessimista, mas eu não acredito nem que isso tenha sido bom pra mim.

Não acho que eu esteja errada em pensar da maneira que eu penso, ninguém está errado, cada pessoa tem suas próprias convicções, tem suas próprias concopções de verdade, tem suas prioridades.

Talvez eu esteja tentando me convencer do que as pessoas vivem me dizendo que a doença nos transforma em pessoas melhores, mas na verdade tudo que eu quero é voltar a ser exatamente aquilo que eu sempre fui. Deve ser por eu nunca ter me achado uma pessoa tão ruim assim.

Mas acho que o que mais pesou nesse encontro comigo mesma foi ter me dado conta (não foi a primeira vez) de como as pessoas tem me tratado desde que eu fiquei doente. As pessoas não me tratam como me tratavam antes. Parece que a doença me deu uma máscara, uma bolha. Eu devo ser protegida de certas coisas, eu devo ser poupada. Podem ter certeza que eu mesma possuo um filtro consciente das coisas das quais eu realmente devo ser poupada. As pessoas simplesmente não podem ver que a pessoa aqui atrás do câncer é a mesma pessoa que era antes? Não gosto que as pessoas me poupem de seus problemas porque eu tenho um maior que o delas. Gosto q elas me tratem como uma pessoa normal como sempre fui, não uma aberração cancerosa.

Pessoas pessoas pessoas pessoas... quanta repetição.

Um problema é sempre um problema. Seja ele grande, enorme ou pequeno. Seja ele um problema inventado (como os que eu tinha antes e quero voltar a ter).

Eu disse, disse, disse e não disse nada. Mas, tirem suas próprias conclusões, foi só um desabafo.