terça-feira, janeiro 29, 2013

Cheers!

Há uns meses eu publiquei aqui a história de uma amiga, a Debora, que tinha tido Leucemia, mora nos Estados Unidos hoje, e tinha descoberto que estava grávida. Pra quem não viu ou não se lembra, aqui está a  História da Debora.

Bem, logo depois que ela descobriu que estava grávida, descobriu também que a Leucemia havia voltado. Juntamente com o médico decidiu prosseguir com a gravidez. A partir do terceiro mês, depois de passada a fase crítica para o bebê, voltar a fazer quimio. E assim foi. Fez quimio, mas nunca perdeu a alegria que a Sophia lá de dentro da barriga mandava pra ela. Vendo as fotos dela recém saída do hospital depois de dias de quimio, nem dá pra ver sinal de doença. 

Decidiram também que fariam o parto assim que fosse possível, para dar procedimento ao tratamento da Debora e para garantir a saúde da Sophia. 

E a Sophia nasceu, e está internada ainda, mas muito bem. Sem contar toda a alegria que vem dado a toda a família.
A Debora vai passar por Transplante de Medula Óssea em breve. Acima de todos os medos está seu amor pela filha e a felicidade de vê-la viva, bem, depois de já ter enfrentado tanta coisa mesmo antes de nascer.
Quero apresentar a vocês a Sophia, vejam só:




Só tenho a desejar que Deus conceda às duas muita saúde e uma vida longa e próspera, e que saibam que estamos aqui torcendo por elas.
Força e Fé!

domingo, janeiro 27, 2013

Hoje não é um bom dia [parte 2]...

Hoje, definitivamente, não é um dos melhores dias da minha vida. Nem ontem. 

Na sexta-feira eu fiz o PET-CT, que, pra quem não sabe, é o exame definitivo pra ver a quantas anda meu estado diante da doença.

Daí que eu tô um pilha de nervos e de emoções e basta olhar pro lado que eu choro.

E parece que tem gente que faz questão de ser completamente idiota comigo nesses momentos.

Eu queria um abraço, eu queria conversar sobre outra coisa, eu queria sair.

Mas aí eu me dou conta de que minha melhor amiga foi embora da cidade, e agora eu não posso mais ir correndo pra casa dela toda vez que eu me sinto assim desesperada. Mas eu prometi pra ela que eu não ia ficar triste, mas hoje eu não posso cumprir isso, porque tudo que eu mais queria era tê-la aqui pra me entender (porque eu nunca precisei de palavras pra que isso acontecesse, ela me entende só de olhar pra mim).

E eu sei que não deveria ser assim, mas é neste momento que eu me lembro de todas as decepções que eu tive, de todas as ligações que eu esperei receber e nunca recebi, de todas as visitas que eu esperei ter e nunca tive, daquelas pessoas de quem eu esperei o que eu jamais tive, das pessoas que eu esperava que estivessem preocupadas comigo, mas que estavam em uma festa qualquer por aí nem lembrando que eu existo, ou mesmo planejando uma grande festa enquanto eu estava quase morrendo.

Não é rancor o que eu sinto, é só tristeza.

E por que as pessoas que se importam comigo, que não me decepcionaram, estão longe? Por que elas não estão aqui pra me dar um abraço agora???

Definitivamente, eu gostaria de ter continuado sendo aquela pessoa com uma vida completamente vazia que com um sms conseguia tudo o que queria: uma festa, um grande amor pra uma noite toda, uma aventura de um fim de semana...

A vida vazia era tão mais cheia de alegria que essa coisa cheia de sofrimento, lições de vida e decepções que eu tenho vivido.

Daí eu passei quase um mês achando que minha vida estava quase normal, que tudo estava bem, mas de novo eu vejo que tem muita gente que só está ao nosso lado na hora da festa, e quando a gente precisa não está. Porque se eu tivesse feito uma festa ontem a noite minha casa teria se enchido de gente, se eu tivesse feito uma festa hoje minha casa estaria cheia de gente, mas eu só estou aqui curtindo minha ansiedade por um resultado que pode mudar tudo na minha vida, e não tem ninguém ao meu lado.

Aí eu percebo de novo que isso é a vida: a solidão. Que eu me iludi diante de tantas festividades com a companhia de tantos. Mas o que resta é isso.

O resto é silêncio.


testamento

 "deixo a quem interessar possa
 tentações em mais de um deserto
 várias moedas perdidas em sonhos
 quatro ou cinco amigos doloridos
 crianças desenhando o meu espanto
 um auto-retrato imaginário de van gogh
 algumas ruas brutalmente entristecidas
 jó chorando ao lado de minha fotografia
 todos os bares que freqüentei em noa-noa
 a cabra de picasso pastando para o mundo
 um pôster de bogart com os olhos marejados
 uma pintura de cristo procurando por lázaro
 aquele vestido novo de nora remendado de novo
 um profundo grito de ódio para mette sophia gad
 e esta máquina de escrever silêncio sombra solidão"

(Sérgio Rubens Sossélla)