Não queiram saber da minha vida.
Saber pelo que estou passando não vai fazer bem pra ninguém, nem pra vocês, nem pra mim (muito menos pra mim). Algumas pessoas talvez compreendam porque não quero falar sobre isso, certamente porque já passaram por isso e sabem como é chato ter que ficar repetindo 30 mil vezes a mesma história. Como comentou o Dr. Balestra no meu último post "em casa de enforcado não se fala em corda". Muita gente deveria conhecer esse ditado.
Eu sumi da internet por uns dias só porque ela não estava funcionando, e já havia gente achando que eu tinha morrido. As vezes tem amigo que posta foto comigo, e tem gente que pensa que eu morri. Espero não satisfazer o desejo desses urubus tão cedo, por enquanto tô aqui, vivona, e, dentro das minhas possibilidades, muito bem, obrigada.
Meu maior problema é estar abandonada. Não tem um santo hematologista realmente empenhado em fazer algo por mim. É uma falta de respeito, humanização e consideração por parte dos médicos. Ninguém assume meu caso. É um caso complicado, já tive várias intercorrências (algumas delas por culpa de médicos, as que mais me prejudicaram, na verdade), mas será que eu não mereço um médico que confie na minha recuperação? Que se empenhe no meu caso? Que queira me curar? Cadê a história de 100% de esforço onde houver 1% de chance?
Procura-se um hematologista que me queira. DESESPERADAMENTE.
Porque hoje eu nem consigo abrir a boca sem escorrer uma lágrima do meu olho. Porque hoje meu dia começou merda.
Porque eu tenho medo de morrer.
Porque os médicos fazem um juramento.
Até fui procurar o juramento:
“Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade. Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão. Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade. A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados. Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica. Meus colegas serão meus irmãos. Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza.
Faço estas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra.”
Será que os hematologistas não fazem esse juramento?
Sei que estou cansada, cansada e mais cansada de tudo dando errado. E não é por minha culpa.
E preciso um pouco de vida que não seja a minha. Saí da bolha. E não quero falar sobre o assunto. Porque existem coisas bem melhores que a minha vida pra conversar e que me fazem bem. Minha vida não me faz bem.
E, só pra reforçar: não queiram saber de mim. Me sinto uma personagem de tragédia grega, e não, isso não me faz bem.
Força e fé.
PS: Estão dizendo aí pela internet que hoje é dia do médico. Se realmente o for, parabenizo Dr. Bruno, meu nefrologista, que é o único que se empenha realmente por mim. Um que realmente demonstra humildade e humanidade.