domingo, julho 08, 2012

A alegria no meio da tempestade...

Sabe quando você mora a vida inteira na mesma cidade que uma outra pessoa, a conhece, tem amigos em comum, mas nunca para pra conversar com ela? Pois é, essa é a história minha e da Debora. Mas não termina assim. Eu vim pra Paranavaí, ela foi para os Estados Unidos, e um dia uma coisa mais forte nos ligou uma com a outra, mesmo hoje estando tão longe. Eu pedi faz tempo pra ela escrever a história dela pra eu por aqui, mas acho que ela não estava motivada, até que hoje ela se motivou. E eu não vou dizer que é uma história com final feliz, porque ela ainda não chegou ao fim, está começando um novo e lindo capítulo. Eis a história da Debora:





Meu nome e Debora Haveroth, tenho 24 anos, e minha história acredito que posso começar a contar assim...

Sou de Cafelândia, Paraná, e aos meus 17 anos comecei a namorar com o amor da minha vida, que hoje é meu marido. Os pais dele moravam nos Estados Unidos, e nós dois cheios de sonhos e planos de formar uma família, resolvemos ir para lá. 

Eu tinha 21 anos quando cheguei aqui, cheia de vida de sonhos e entre o maior deles meu filho!!!! Nossa eu tão jovem, com tanta coragem, nada podia me parar, trouxe meus pais e meu irmão para junto de mim 1 ano depois que eu estava aqui. Casei na Igreja, tive um casamento dos sonhos com um homem que eu amava e que me amava também, mas eu ainda não estava feliz, era como se algo me sufocasse e me avisasse que eu ia passar por algo muito doloroso na minha vida. E assim foi... 

No começo de julho do ano passado comecei a passar mal, minha menstruação veio e não parava mais, tinha manchas roxas e um cansaço fora do sério, mal mesmo... Enfim... procurei um médico, depois de 15 dias sangrando, ai ele pediu um exame de sangue e veio o pior dos pesadelos. Com essas palavras, segurou minha mão, sentou num lixeiro do lado da maca na emergência do hopital e me disse: "olha, se você fosse alguém da minha família eu estaria fazendo o mesmo por você, eu estou arrumando uma ambulância pra te levar pro melhor hospital dos EUA, porque eu descobri no seu sangue câncer, leucemia"

Ali acabou aquela Debora. Aquela morreu ali, daqui em diante começa a minha nova vida. Me levaram para Boston no hospital Brigham and Women's e ali começou a tortura. Primeiro que eu não tinha noção, só sabia q era uma doença maldita, mas eu pensava "bom tem cura, daqui a pouco tô em casa". Ai o meu médico, uns dos médicos mais bem vistos aqui, Dr. Richard Stone, e a minha médica recém formada, Dra. Rana Yehia, pegaram meu caso, fizeram o teste da medula, que nunca senti dor pior na minha vida, e ali descobriram o tipo de leucemia que era: leucemia mieloide aguda. Ok. Ai vieram e me disseram q eu tive o azar de ter uma leucemia mais a sorte de ser a mais curável, mas que para isso eu iria perder meus cabelos, que eu adorava tanto. Achei ruim, já achei que era a pior notícia, mas não era a pior. A pior foi: "talvez você vai fica infértil, não terá filhos". Oh, meu Deus, eu só tinha 23 anos, eu e meu marido sonhávamos com nosso baby e ali o sonho chegava ao fim.

O médico disse: "vamos te dar uma injeção chamada Lupron que vai proteger seus óvulos, é o que a gente espera, mas muitas vezes não dá certo". Jesus!!!! Eu falei assim para os médicos: "eu quero um filho, se não for pra ter um filho não quero viver". Foi muito complicado eu não sabia falar bem inglês e muito menos entendia. No hospital tinha um andar de fertilização e vieram até meu quarto, mas meu médico disse para mim e para seu marido que se adiassem minha quimioterapia eu iria morrer. Eu não teria tempo pra coletar os óvulos, e fora que era caríssimo. 

Assim ali eu fiquei por 27 dias. Deu 4 semanas perdi todo aquele cabelo lindo que eu amava tanto e que foi tão difícil. Perdi também todo meu sangue, fazia transfusão de sangue todos os dias, até 3 vezes ao dia, passava muito mal, fora que uma enfermeira tirava a temperatura, pressão e tal a cada 15 minutos, ou seja, não dormia, enfim, um inferno... Sabe quando o desespero é tão grande que eu tinha pesadelo e quando eu acordava continuava nele, me via careca, doente. Quando sai do hospital sai com medo de tudo, completamente traumatizada de tanto sofrer, e aquilo era só a primeira etapa. Coloquei isso na minha cabeça: "vou passar por isso". Falava todo dia pra Deus: "eu sei que será tudo a sua vontade, mas, Você já sabe a minha, Deus, não importa que eu sofra mais, que meu cabelo caia tudo, fique feia, mas, Senhor, eu quero meu filho". 

E assim foi por 6 meses. Parei minha vida ia 2 vezes por semana na clínica chamada Dana-Faber, em Boston. Fazia transfusão toda a vez e por mais 4 ciclos de quimio ficava internada por 5 dias. Na última quimio peguei o que aqui se chama chicken pox chigus, que é catapora, herpes embaixo do peito que dói muito. Adiaram minha quimio pra o outro mês e eu quase morri de tanta dor... Enfim, no dia 14/02/2012, acabei meu tratamento, estava livre, mal podia acreditar. Então eles logo falaram sobre os baby, acredito que nunca viram alguém tão louca pra ter um - hihihihi -  já me falaram aquele monte de coisa: "talvez você não vai ter, talvez demore pra ter e blá blá blá". Pedi quanto tempo teria que esperar e ele falou 3 meses, porque a leucemia pode voltar. Na verdade a faca vai estar sempre no pescoço, mas que era eu que decidia.

Assim eu esperei ansiosamente até que parei de tomar o anticoncepcional que não deixava eu menstruar. Já estava há 7 meses sem, ai minha menstruação veio 2 vezes, mas há 2 semanas quando fui fazer os exames de rotina que a cada mês faço, eles viram que meu sangue branco/plaquetas estavam baixos e fizeram o teste da medula e viram umas células estranhas que eles não sabiam o que que era, mas que podia ser a leucemia de volta. Nossa, eu fiquei desesperada, mas ai minha mãe falou "Debora cade sua fé? Deus não faz as coisas pela metade"... ai rezei e pedi "meu Deus, eu não posso ficar com essa agonia, me dê um sinal que o Senhor me curou e que eu possa confiar plenamente no Senhor. Eu sou fraca e estou com medo", ai abri a Bíblia e lá estava a palavra que caia como uma luva para mim, mas não era o suficiente. 

Fui dormir e no sonho os médicos diziam "Debora você está grávida", e eu sonhando com o mesmo sonho sempre, mas eu não poderia ter certeza pelo menos se a minha menstruação estava atrasada, porque, como falei, só tinha vindo 2 vezes, não sabia o dia certo, mas ai me deu uma vontade tão grande de parar numa farmácia e comprar o teste de gravidez mesmo que aquilo não tivesse cabimento. Falei para meu marido comprar e ele disse que não, que eu já estava triste o suficiente! 

Ai no outro dia eu comprei o teste e fiz com a médica ginecologista e deu POSITIVOOOO!!!!!! SENHOR DEUS, TODO PODEROSO ME DEU A RESPOSTA, ME DEU A PROVA QUE ESTOU CURADA E QUE TODA AQUELAS QUIMIOTERAPIAS NÃO ME PREJUDICARAM EM NADA, PORQUE QUANDO SE TEM DEUS, GENTEEE, NÃO TEM NÚMEROS, NÃO TEM ESTUDO, NÃO TEM NADA ALÉM DELE NOS CURANDO...

Pessoal que está passando por um câncer, acredite em Deus. Ele é pai, não quer o mal de um filho, não foi ele que colocou essa doença, nós somos humanos, estamos sujeitos a ficar doentes, mas eu digo DEUS TEM O PODER DE CURAR!!!!! E ELE CURA E FAZ MILAGRE!!! Gente, tô tão feliz que não me cabe a alegria, nunca mais vou duvidar de Deus, Ele me deu meu filho em apenas 2 meses tentando, ele me deu essa alegria que as vezes eu achava que nunca iria viver. Eu não quero saber se para os médicos tem probabilidade de voltar a doença, porque Deus me curou e acredito e já tomei posse da minha vitória, jamais Deus iria deixar entrar outra vida no meio disso...

Eu só espero que hoje eu possa estar ajudando alguém com a minha história, que eu choro de tanto orgulho de ser minha, só depois de tudo isso fui saber o que é felicidade, o que é conquistar algo. Não preciso de mais nada, me considero vitoriosa, lutadora, vencedora... ACREDITEM: DEUS FAZ MILAGRES QUE TE DEIXAM DE BOCA ABERTA, PASMO, SEM CHÃO, É MUITO! É DEMAIS! É FORA DO SÉRIO E SEM PALAVRAS QUE POSSAM TRADUZIR O QUE É DEUS NA VIDA DA GENTE!!!!!! 

Debora Haveroth 07/07/12 Hyannis-MA EUA







Bem, ontem eu estava no hospital com mais um dos meus probleminhas, quando meu irmão me liga: "Aline, sabe a alteração no sangue da Debora Haveroth? Não é leucemia, é gravidez". Ela entrou correndo na net pra me contar e eu não estava, pediu pro meu irmão me ligar. Eu chorei, chorei, chorei tanto, fiquei tão feliz.
Feliz por ela e pela esperança de que tudo pode dar certo depois de tanto sofrimento. Feliz por ela e por todas nós que passamos por esse medo da infertilidade causada pela quimioterapia. É uma esperança universal.

E feliz porque hoje eu sou amiga, mesmo que de tão longe, dessa pessoa que morou quase 20 anos na mesma cidade que eu e com a qual eu nunca conversei. E feliz porque eu vou ser tia postiça mais uma vez!!!

Falando em tia postiça, essa semana nasceu o João Vitor, filho da Débora, minha prima irmã. E, acreditem, ele é lindo. Eu mesma duvidava que seria, porque só a mãe acha recém nascido bonito, mas ele tem umas bochechas que eu quero morder assim que tiver a oportunidade. Muita saúde pra o João Vitor, pra o bebê da Debora que está por vir, e pra todo mundo que acompanha o blog.


Beijocas, gente. Agora só falta eu conseguir que a Alline me escreva a história dela pra eu poder dividir com vocês, porque ela é minha maior inspiração.  

Um comentário:

Gigi disse...

Oi Aline, fiquei tão feliz com esse testemunho, vc não sabe como me ajudou. Eu fiz TMO há 3 anos e desde o ano passado, estou tentando engravidar sem sucesso, mas essa história me trouxe nova esperança. beijos para as 2.